Antes, os peões ofereciam anéis
de ouro em testemunho de seu carinho, instalavam-se com suas damas nos melhores
quartos para agradá-las, saiam a passeio e ouviam o cantar dos pássaros. Por
isso, a maioria dos peões foram solitários, pois uma companheira demandava
gastos e cuidados fora de seus alcances. Nas voltas que o mundo dá os peões
sempre se apaixonavam, alguns casavam, outros seguiam seu destino com o coração
partido, pela rudeza de suas estradas.
Os cavalheiros de hoje lêem muitas
coisas na internet, e seus pastores são agora de uma classe bem diferente da de
outros tempos: eles os incentivam em seus pecados e até participam deles dando
aos boys permissão para serem pecadores, pois de outra forma a ideia de Deus
não lhes traz serventia.
Antes, tanto senhores como peões
eram instados a obedecer os dogmas da igreja católica e seus pastores davam
exemplo de comedimento e castidade. Os impulsos eram reprimidos e a lascívia
desaconselhada. Entretanto, hoje, apesar de tanta permissividade são mais
numerosos os necessitados de ternura e carinho do que antes.
É evidente que os moldes destes
dias de hoje nos desagradam sempre. Antes os peões eram simples, não contavam
senão consigo mesmos para protegerem-se, embora sempre soubessem suportar o
melhor possível a desgraça. Estes, quando instados em matrimônio faziam e assumiam
filhos, hoje os boys, quando boa gente, tem filhos, mas os tem depois de muitos
quebra-cabeças perguntando-se: “Será que realmente os queremos?”
Os peões de outro tempo eram
aparentemente mais esquivos do que os boys de hoje, que, quando não são gays
assumidos, não fogem de mulheres carentes, nem de homens devassos. Mas agora,
posso contar-lhes a história de um peão que num passado remoto ficando só no
campo em meio a um grupo de mocinhas que queriam beijá-lo à força, caiu de
joelhos e pedindo que o deixassem, chorou, vendo-se obrigado a comprar sua
liberdade com uma garrafa de aguardente. Um tipo arisco como este existiu no
passado e ruborizava-se quando se encontrava entre homens, e se empolava quando
defronte de mulheres. Os boys de hoje,
procuram prazer a qualquer custo, vivem do gozo e para gozar não fazem
distinções de sexo, cor, ou classe social. Já os peões de outrora, quase nunca
se deitavam com gente do mesmo sexo ao não ser por um instinto bem peculiar, que
só a solidão da mata e do trecho pode explicar e justificar.
Agora vou falar-lhes de peões que
embora rudes no trato, eram nobres de coração. Embora sujos e mal tratados na
aparência, eram limpos na essência. Embora pobres em bens, eram ricos em dons e
não raros tocavam modas imortais em suas violas. Por outro lado, os boys de
então, cavaleiros de hoje, são nômades pelas redes de comunicação, malhados,
cheirando a Shopping Center, penteados e motorizados, sabe-se lá por quais
motivos, perderam uma coisa que os peões sempre conservaram: a alma masculina.
É de Lenine a frase que me
inspirou este artigo: “Ele não conhece o medo, quando
chega o desafio. Ele guarda o seu segredo, dentro de um olhar vazio. Ele sela o
seu destino e quer chegar onde o vento lhe levar: Peão”.
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