quinta-feira, 17 de maio de 2012

Sobre Peões e Boys

Hoje em dia, os nossos cavalheiros se intitulam com várias denominações, as mais comuns são Broderes ou Boys. Antes, só existiam duas classes de homens, os senhores e os peões. Há de se admitir que os cavalheiros de hoje são mais efeminados e delicados que os de antes, e esses, ao longo dos anos aprenderam o que fazer e dizer, e o fazem, com quem bem entendem, e o dizem, conforme não fazem, expressando não o que sentem sem nem um recalque ou pudor.

Antes, os peões ofereciam anéis de ouro em testemunho de seu carinho, instalavam-se com suas damas nos melhores quartos para agradá-las, saiam a passeio e ouviam o cantar dos pássaros. Por isso, a maioria dos peões foram solitários, pois uma companheira demandava gastos e cuidados fora de seus alcances. Nas voltas que o mundo dá os peões sempre se apaixonavam, alguns casavam, outros seguiam seu destino com o coração partido, pela rudeza de suas estradas.

Os cavalheiros de hoje lêem muitas coisas na internet, e seus pastores são agora de uma classe bem diferente da de outros tempos: eles os incentivam em seus pecados e até participam deles dando aos boys permissão para serem pecadores, pois de outra forma a ideia de Deus não lhes traz serventia.

Antes, tanto senhores como peões eram instados a obedecer os dogmas da igreja católica e seus pastores davam exemplo de comedimento e castidade. Os impulsos eram reprimidos e a lascívia desaconselhada. Entretanto, hoje, apesar de tanta permissividade são mais numerosos os necessitados de ternura e carinho do que antes.

É evidente que os moldes destes dias de hoje nos desagradam sempre. Antes os peões eram simples, não contavam senão consigo mesmos para protegerem-se, embora sempre soubessem suportar o melhor possível a desgraça. Estes, quando instados em matrimônio faziam e assumiam filhos, hoje os boys, quando boa gente, tem filhos, mas os tem depois de muitos quebra-cabeças perguntando-se: “Será que realmente os queremos?”

Os peões de outro tempo eram aparentemente mais esquivos do que os boys de hoje, que, quando não são gays assumidos, não fogem de mulheres carentes, nem de homens devassos. Mas agora, posso contar-lhes a história de um peão que num passado remoto ficando só no campo em meio a um grupo de mocinhas que queriam beijá-lo à força, caiu de joelhos e pedindo que o deixassem, chorou, vendo-se obrigado a comprar sua liberdade com uma garrafa de aguardente. Um tipo arisco como este existiu no passado e ruborizava-se quando se encontrava entre homens, e se empolava quando defronte de mulheres.  Os boys de hoje, procuram prazer a qualquer custo, vivem do gozo e para gozar não fazem distinções de sexo, cor, ou classe social. Já os peões de outrora, quase nunca se deitavam com gente do mesmo sexo ao não ser por um instinto bem peculiar, que só a solidão da mata e do trecho pode explicar e justificar.

Agora vou falar-lhes de peões que embora rudes no trato, eram nobres de coração. Embora sujos e mal tratados na aparência, eram limpos na essência. Embora pobres em bens, eram ricos em dons e não raros tocavam modas imortais em suas violas. Por outro lado, os boys de então, cavaleiros de hoje, são nômades pelas redes de comunicação, malhados, cheirando a Shopping Center, penteados e motorizados, sabe-se lá por quais motivos, perderam uma coisa que os peões sempre conservaram: a alma masculina.

É de Lenine a frase que me inspirou este artigo: “Ele não conhece o medo, quando chega o desafio. Ele guarda o seu segredo, dentro de um olhar vazio. Ele sela o seu destino e quer chegar onde o vento lhe levar: Peão”.




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